A propósito do desaparecimento dum Avião da Air France no Oceano Atlântico, que fazia a viagem do Rio de Janeiro para Paris, fui convidado pelo Jornal “I” a comentar esta notícia e a relembrar o meu próprio acidente. Aqui fica o meu comentário que saiu hoje no jornal. Recorde-se que neste avião viajavam 228 pessoas e até esta hora ainda não foram descobertos os seus destroços.
Imagens de um avião no meio de uma tempestade, atingido por um raio.
O grupo de sobreviventes do acidente aéreo ocorrido em Hong Kong, em 1999, escolheu desta vez a cidade de Coimbra para comemorar o 8º aniversário sobre a trágica data do acidente: 22 de Agosto de 1999.
Apesar de já terem passado oito anos, a verdade é que para mim e para todos aqueles que comigo sofreram tão trágico acidente, aquele dia está tão presente como estava nos dias imediatamente a seguir. O tempo passa, mas o medo continua. Uns vão conseguindo enfrentar o próprio medo; outros, nunca mais conseguiram andar de avião. Todos alteraram o modo como encaravam a vida. Por mim, vivo cada dia como se fosse o último. Um dia será, só espero que seja daqui a muitos anos.
Pessoalmente, não tenho uma opinião muito favorável em relação à Justiça. A razão é simples: é que passados oito anos, ainda continuo à espera que me façam justiça. A demora é tanta, que qualquer que seja a decisão, ela será sempre injusta. A justiça só se faz, quando as decisões são tomadas em tempo útil. Já morreram alguns sobreviventes do meu acidente, que nunca chegaram a ver a decisão da Justiça.
Todos os anos este grupo de sobreviventes, se reúne para comemorar a vida. Estes encontros, pela sua singularidade, são os maiores do mundo. É que não há tantos sobreviventes de acidentes aéreos, mais ainda do mesmo voo. Por isso, é natural a presença da Comunicação Social nestes encontros anuais.
Este ano o convívio começou com um excelente almoço no Hotel D. Luís. O grupo, a maioria composto por pessoas fora de Coimbra, tive a oportunidade de também desfrutar duma linda vista sobre a cidade. No fim do almoço e durante o café, foi tempo dos sobreviventes porem a conversa em dia. É a nossa terapia de grupo, tão do agrado da maioria.
Desta vez, propusemos algo diferente do habitual. No final do almoço, o grupo deslocou-se até à baixa da cidade, para fazer um passeio no Basófias. A opinião foi unânime: foi magnífico! De facto, e apesar das condicionantes que a areia do Mondego impõe ao trajecto do Basófias, todos gostaram de ver uma das partes mais bonitas de Coimbra através do barco.
Para aqueles que estiverem interessados em ver por aquilo que passámos, com vida, deixo um endereço na internet onde está registado o nosso acidente:
http://www.youtube.com/watch?v=N_grAqcO-GY
In Jornal CENTRO - 07/Novembro/2007
Os sobreviventes do acidente aéreo ocorrido em Hong Kong, em 1999, escolheram Coimbra para comemorarem a vida, no seu 8º encontro/convívio.
O restaurante escolhido, do Hotel D. Luís, permitiu ao grupo, a maioria de fora de Coimbra, desfrutar duma extraordinária vista sobre a cidade de Coimbra.
As mais de três dezenas de participantes (sobreviventes, familiares e amigos), tiveram a sorte com o dia, o que permitiu ao grupo fazer também uma viagem a bordo do Basófias.
Para a organização (José Soares, Antonino Neves e João Cunha), estes encontros servem como terapia de grupo. Este ano foi em Coimbra, para o ano logo se vê. Pela sua singularidade, estes encontros continuam a ser a maior concentração do mundo de sobreviventes de acidentes aéreos.
Este acidente está disponível na internet no site:
http://www.youtube.com/watch?v=N_grAqcO-GY
Como todos os anos acontece, alguns dos sobreviventes do acidente aéreo ocorrido em Hong Kong, a 22 de Agosto de 1999, encontraram-se para, principalmente, comemorarem o facto de estarem vivos. Às vezes, só passando por uma experiência tão traumática como aquele porque passámos, é que começamos a dar um outro valor à vida. É um bem precioso, para o qual nem sempre damos a devida atenção e importância.
Já vão fazer 6 anos em Agosto, que decorreu esse trágico acidente. Apesar disso, continua a haver um número significativo de pessoas, que faz questão de nunca faltar a estas reuniões. Ainda bem. Por poucos que sejam, continuam a ser os maiores encontros do mundo, de sobreviventes de acidentes aéreos. No nosso caso, do mesmo voo. Este ano, guardámos um minuto de silêncio em memória da nossa companheira Mécia Carapito, que acabou por falecer sem saber o resultado do nosso processo judicial. É lamentável, mas é assim que funciona a nossa justiça. Por mais papéis que se assinem, parece que o assunto está sempre na mesma. Talvez um dia tenha que dizer o que me vai na alma. Para já, também eu vou continuar a aguardar até que a minha paciência o permita, o decorrer deste longo processo.
Estes encontros, servem sempre para sabermos como vão os outros companheiros, pelo que estas reuniões deverão continuar, anualmente, apesar do desinteresse ou indisponibilidade de alguns. Apesar de tudo, espero que estejam bem. É uma terapia de grupo, que faz bem a quem participa nestes convívios. Este ano, foi em Fátima. Para o ano, logo se verá.
In "AURINEGRA" - 12-04-2005
www.aurinegra.com
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