Como tenho dito e escrito há muitos anos, tenho uma opinião algo crítica ao Natal. Não por aquilo que representa, o nascimento de Cristo, mas por aquilo em que se tem transformado, fruto da importância cada vez mais crescente do Pai Natal e do seu inseparável saco de prendas. Admito, porém, que esteja em minoria.
No passado mês de Dezembro, o economista americano Waldfogel, lançou o livro “Scroogenamics”, no qual, entre outras coisas, afirma que Portugal é o país que mais gasta em presentes de Natal, em todo o Mundo. O seu estudo abrangeu 26 países, incluindo os Estados Unidos, a China e a Rússia. Afinal, sempre estamos em primeiro lugar em alguma coisa.
Apesar da tão afamada crise, parece que a mesma não está a afectar os portugueses. É o que se pode depreender das palavras de Waldfogel: “Portugal parece, segundo estes dados, aplicar uma parte importante dos seus recursos em presentes e gastos associados ao Natal”.
Os dados são o que são. Factos são factos. Com esta determinação dos portugueses em trabalhar para o desperdício, dificilmente conseguiremos tirar o país da difícil situação em que se encontra.
Termino com esta reflexão: pelos dados divulgados, cada português gasta, em média, 85 euros em prendas de Natal!!!??? Assim, não vamos longe!
In Jornal "O DESPERTAR" - 08-01-2010
Apesar de nos últimos anos ter mudado um pouco a minha opinião, a verdade é que, no essencial, continuo a achar o Natal uma época de grande hipocrisia. Durante anos, tive de cumprir o ritual de passar a noite, com quem não tinha qualquer interesse, salvo raras excepções. Durante o ano, não havia esse convívio obrigatório, pelo que sempre considerei uma noite infindável. Pior do que eu, só os velhotes arrancados dos lares, quase à força, para que as respectivas famílias não ficassem mal vistas perante a sociedade.
O Natal comemora o nascimento de Jesus Cristo. A história até é bonita e cheia de nobres sentimentos. Embora não se saiba com rigor o dia do nascimento do fundador do cristianismo, institucionalizou-se o dia 25 de Dezembro como o dia em que nasceu o Filho de Deus, isto na visão dos cristãos.
Com o tempo e até por questões práticas, a árvore veio substituir o presépio. Quando era criança, o Natal tinha para mim outro significado e encanto. O meu pai, que até tinha jeito para a coisa, dedicava algum do seu tempo para que pudéssemos ter um presépio em casa, verdadeiro símbolo do Natal. Era uma satisfação as idas ao pinhal para apanhar musgo, elemento essencial no presépio lá de casa.
Hoje, desconheço quem ainda se dá ao cuidado de fazer um presépio em casa. A alternativa está no pinheiro de Natal. Mas como cortar as árvores é prejudicial para a saúde da própria natureza, a alternativa são as chamadas árvores artificiais, tão divulgadas pelas casas chinesas. Estas têm uma vantagem: como são de fraca qualidade, não duram de uns anos para os outros, pelo que uma árvore nova está garantida todos os anos.
Como disse no início, tenho alterado um pouco a minha opinião em relação a esta quadra, pelo que também eu, apesar da crise, comprei os meus presentes. Afinal o Natal é das crianças e agora tenho duas crianças lindíssimas para presentear: o meu filho Daniel e a minha neta Maria Inês. Claro que também a minha filha Liliana tem o seu presente, mas aos 30 anos, há muito que foi o encanto e magia de acreditar no Pai Natal.
Este ano, mais uma vez, vou passar o Natal com as pessoas da família que mais gosto. Claro que há outros familiares e amigos com quem gostaria de partilhar a noite de consoada, mas o Natal também é um período de escolhas e privações.
A todos os leitores, direcção, jornalistas, colaboradores e funcionários do Despertar, os meus votos de um Bom Natal e um Feliz Ano Novo.
In Jornal "O DESPERTAR" - 18-12-2009
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