Numa destas noites, passava de carro pela Praça de República, em Coimbra, e reparei em centenas de jovens que passeavam por toda a Avenida Sá da Bandeira. Outros estavam parados, em convívio, na própria Praça da República, local emblemático da vida académica da cidade de Coimbra.
Confesso que estranhei tanta gente na rua. Mas como há muito que passei pelos bancos da Universidade de Coimbra, já não acompanho a agenda tertuliana académica. Enfim, sou de outros tempos estudantis.
À medida que ia descendo até à baixa da cidade, reparo que muitos deles, às dezenas, faziam-se acompanhar duma garrafa de cerveja na mão, o que fazia lembrar algum ritual. Académico não era com certeza, mas talvez alguns deles fizessem parte de algum culto alcoólico. É que alguns deles, aqueles que querendo mostrarem-se mais fortes e engraçados, faziam um triste espectáculo importunando quem passava, a pé ou de carro.
Já em plena baixa e despertado que já estava o meu sentido de observação, apurado ao longo dos anos, reparo que misturado com alguns estudantes universitários, estavam alguns que seguramente ainda não tinham idade para entrar na universidade.
Depois de fazer parte deste filme do quotidiano nocturno, lembrei-me dos muitos alertas que a imprensa faz eco: jovens começam a beber cada vez mais cedo, está na moda beber cinco shots de seguida, etc. Termino este artigo, mais uma crónica, com uma citação da imprensa: “Entre 2003 e 2007, a percentagem de jovens entre os 13 e os 18 anos que praticaram binje drinking (que implica beber mais de cinco bebidas num curto espaço de tempo) quase duplicou em Portugal. É de facto uma realidade preocupante.
In Jornal "O DESPERTAR" - 12-03-2010
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