Quinta-feira, 11 de Junho de 2009
Não vale a pena negar os factos – o PS perdeu as eleições europeias e todos os outros ganharam. Valeu o voto militante, dado que a maioria de todos os outros optou pela abstenção, que atingiu os 63%. Com estes valores, numa democracia, nenhum partido responsável pode clamar vitória.
O PS não conseguiu mobilizar os seus próprios militantes e simpatizantes. Há muito que os sinais estavam na rua. Eram muitos os militantes socialistas que se insurgiram contra o próprio Governo e faziam questão de o mostrar publicamente. Este resultado era mais que previsível. Só não viu quem não quis ver. Foram tomadas medidas que a maioria não percebeu e que o Governo não conseguiu explicar. Os exemplos são muitos, mas dou o meu próprio caso: sou membro das Comissões Políticas Concelhia e Distrital do Partido Socialista e, como ex-Técnico Superior da Administração Pública, não consegui até hoje aceitar, ou sequer perceber, a alteração feita à lei das aposentações, a qual veio retirar quase 53% à minha aposentação.
Estas eleições não eram fáceis para o PS. Sabia-se. As pessoas fazem os lugares e os lugares fazem as pessoas e estas podem fazer a diferença. Vital Moreira é conhecido pela sua competência universitária e como professor de Direito. Como candidato, devia ter despido essa capa e utilizado uma linguagem bem mais perto do povo. Qualquer contacto corria o risco de resvalar para uma aula. Os debates foram disso exemplo. Vital Moreira é bem melhor do que aquilo que o país viu. Estou certo que irá ser um respeitado e prestigiado eurodeputado.
Não se pense que este resultado é o estender dum tapete vermelho para o PSD ganhar os próximos actos eleitorais. Depois destas eleições, a vida dos portugueses fica rigorosamente na mesma. Agora só elegemos os nossos eurodeputados para o Parlamento Europeu, os quais se vão “diliur” nas suas próprias famílias políticas. Quem conhece os actuais 24 eurodeputados portugueses? É preciso contextualizar estas eleições.
As próximas eleições autárquicas vão mostrar ao país um PS bem mais mobilizado e empenhado. Para isso, basta que a direcção socialista e o Governo saibam tirar as devidas ilações e, com humildade, reconhecer que algo tem que mudar. É preciso saber explicar e isso nem sempre tem sido conseguido.
Para aqueles que agora julgam o PS afastado das vitórias em próximos actos eleitorais, relembro que também o PSD (com Cavaco Silva) perdeu as eleições europeias para de seguida ganhar as legislativas e com maioria absoluta.
In Jornal: "DIÁRIO DE COIMBRA" - 11-06-2009
In Jornal: "SOL" - 12-06-2009 - CARTA DA SEMANA
In Jornal: "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - 13-06-2009 - CARTA DO DIA
Quinta-feira, 28 de Maio de 2009
Ser eurodeputado, é o objectivo de muitos daqueles que andam na política, mas que só alguns, muito poucos, poderão passar do sonho à realidade. Estes lugares não são exclusivos da militância partidária. Só o PS leva dois independentes em lugar elegível: Vital Moreira e Elisa Ferreira.
Actualmente, o vencimento dum eurodeputado é de 3.815 euros. Já aqueles que vão ser eleitos a partir de 7 de Junho, irão ver esse salário subir para 7.665 euros. É quase o dobro, pelo que é um forte aliciante para os novos eurodeputados. Por curiosidade e para comparação, refiro os vencimentos do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, que é de 7.000 e 5.000 euros, respectivamente.
Esta alteração, deve-se ao facto dos salários dos eurodeputados passarem a ser iguais para todos, independentemente do país de origem. Actualmente, o salário está indexado ao ordenado dos parlamentos nacionais.
O novo parlamento também vai ter menos eurodeputados: dos actuais 785, vão passar a ser 736. Nesta redução, Portugal vai passar a ter 22 eurodeputados, contra os 24 que tem actualmente. Com esta alteração, vamos ver quais os partidos ou coligações que mais prejudicados saem com esta redução. Relembro que em 2004, o resultado eleitoral foi o seguinte: PS – 12 deputados (44,5%); PSD/CDS – 9 (33,3%); CDU – 2 (9,1%) e BE – 1 deputado (4,9%).
Muitas vezes, queixamo-nos que as coisas estão mal, mas nada fazemos para alterar o que, do nosso ponto de vista, achamos que está errado. A abstenção nas eleições europeias é de facto preocupante, pelo que é importante para o país, que os portugueses vão votar no próximo dia 7 de Junho.
In Jornal: "CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS" - 28-05-2009