Por vezes, quando estamos muito perto das coisas ou das pessoas, não temos o distanciamento suficiente para as entender. Daí, que uma saída do bairro, da cidade, do distrito ou até do País, é sempre uma boa forma de criarmos esse distanciamento. Foi o que fiz recentemente.
Chegado a casa e depois de vários dias sem notícias do nosso País, passo os olhos pelos jornais que peço para guardar na minha ausência. O mesmo do costume. Nos jornais regionais, uma notícia na primeira página da última edição do AURINEGRA chama a minha atenção: XV Expofacic Cantanhede 22 a 31 de Julho de 2005. Mais uma vez, Cantanhede vai realizar a sua feira de exposição. Pelo que tem acontecido em anos anteriores, seguramente que vai ser mais um sucesso para os seus promotores. Por alguma razão, o vereador da Câmara Municipal de Condeixa, Daniel Costa, vê na Expofacic de Cantanhede um modelo a seguir, para a Expocondeixa.
Coimbra vive quase uma obsessão de ser a terceira cidade do País, desígnio que já teve, mas a verdade é que há muito que a cidade perdeu esse estatuto Durante muito tempo, Coimbra era respeitada pelo que simbolizava, pelo que tinha e pelo que representava. Hoje, vive mais do passado, da sua história, que é rica, mas que pouco já tem a ver com a realidade. Deixou-se ultrapassar. Adormeceu.
Hoje mesmo começa a Expofacic de Cantanhede e, há poucas semanas terminou a Feira de Miranda do Corvo e futuramente será a vez da ExpoCondeixa abrir as suas portas. Todos realizam as suas feiras. Não vou fazer comparações. O que me parece importante destacar, é que todos se mobilizam para fazerem os seus eventos, e Coimbra, mais uma vez, não se conseguiu empenhar para a realização da sua Feira CIC, tal como aconteceu em 2001. Não sei quem foram os principais responsáveis pela não realização de tão importante certame para Coimbra. Na altura, as desculpas foram muitas e as explicações poucas. Uma coisa parece-me certa: não houve empenhamento suficiente de quem tinha responsabilidades para a sua execução, a começar pela própria Câmara Municipal de Coimbra.
Tenho tido a privilégio de conhecer algumas cidades europeias. As que têm a sorte de terem um rio, este faz parte integrante da própria cidade. Em Coimbra, passa-se exactamente o contrário: o Rio Mondego em vez de ser um factor de união e aproveitado em todas as suas potencialidades, que são muitas, serve para dividir os seus habitantes. Quando é que Coimbra irá aproveitar os seus verdadeiros recursos? Quantas cidades se podem dar ao luxo de desaproveitarem as belíssimas margens que um rio proporciona, como se faz em Coimbra? Centros de camionagem e recolha de viaturas, onde haviam de existir centros culturais, desportivos e de lazer, só mesmo em Coimbra.
Está na rua mais uma campanha eleitoral autárquica. Esperemos que os candidatos tenham uma proposta clara e definitiva sobre a realização da Feira Comercial e Industrial de Coimbra. Era bom para a cidade de Coimbra e para a Região, a qual perdeu nos últimos três anos 20 mil postos de trabalho, ou seja, viu crescer o desemprego em 45 por cento. Construa-se o que é preciso, requalifiquem-se espaços, mas faça-se. Viver à sombra da Torre já deu o que tinha a dar.
in "AURINEGRA" - 22-07-2005 - www.aurinegra.com
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