Depois de muita polémica sobre o pagamento das viagens dos deputados, a vice-presidente da bancada socialista Inês de Medeiros, comunicou ao presidente da Assembleia da República (AR), Jaime Gama, informando-o que prescinde de ajudas de custo a que tinha direito, por decisão do Conselho de Administração da AR, dado se ter detectado na lei portuguesa, uma lacuna sobre casos idênticos a este.
Este é dos casos que não deviam acontecer, porque não dignificam a política e os políticos. Ao tomar agora esta atitude, Inês de Medeiros passa a ideia de ter sido empurrada para esta decisão: primeiro, porque a pressão pública e política tem sido imensa; segundo, porque o CDS já anunciou que ia propor “uma alteração à lei para impedir o pagamento de viagens dos deputados que moram fora do país”.
Segundo as contas vindas na imprensa, as viagens semanais da deputada, de Lisboa por onde foi eleita, até Paris onde mora, custam ao país, que é como quem diz a todos nós, cerca de 6 mil euros por mês. Acrescentando este valor às ajudas de custo, dá a módica quantia de 6.162,18 € por mês, fora o vencimento de deputado.
Há sempre alguém que acha que defendendo a opinião que aqui transmito, é demagogia porque é um caso isolado. A esses, digo que isto é uma vergonha e uma afronta a todos aqueles a quem tudo é tirado, para fazer face à crise financeira. Além dessa, o que existe é uma crise de valores, onde alguns passam a vida a receber subsídios e outros estão condenados a trabalhar toda a vida, assistindo a todas estas injustiças. Não quero dar para este peditório.
A agora (ainda) deputada não é a única culpada deste escândalo que tem indignado muita gente. Quem a convidou para fazer parte das listas de deputados por Lisboa, residindo em Paris, também teve culpa em não acautelar esta mais que previsível triste situação. Como escreveu Fernando Madrinha no “Expresso”, este caso é “apenas mais uma prova de que, num país pelintra, a política continua a viver à grande e à francesa”.
In: Jornal Online “CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS” – 06-05-2010
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