Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009
Imagem da Internet
Apesar de tudo o que se anuncia sobre a educação (ou a falta dela), parece que agredir professores está a virar moda.
O caso mais recente passou-se em Faro, com um aluno de apenas 10 anos a agredir a sua professora à dentada, por esta o ter posto de castigo (não ir ao intervalo), devido à “destabilização que fez durante toda a aula”.
Em Inglaterra, os pais são chamados à responsabilidade (incluindo multas financeiras) pelo mau comportamento dos seus filhos nas escolas. Se em Portugal a psicologia não está a funcionar, então há que tomar outras medidas. Manter a situação como está, em que aos alunos tudo é desculpado, como de inimputáveis se tratassem, é que não me parece bom para ninguém, a começar para os próprios alunos.
In Jornal: "O DESPERTAR" - 06-02-2009
Domingo, 15 de Fevereiro de 2009
A 11 de Novembro de 1947, Winston Churchill, que foi Primeiro-ministro do Reino Unido de 10/05/1940 a 27/07/1945 (tomou posse aos 65 anos) e voltou a sê-lo com 76 anos, de 26/10/1951 a 07/04/1955, proferiu na Câmara dos Comuns, uma frase que ficou célebre e ainda hoje é profundamente citada e defendida: “A democracia é a pior forma de governo, excepto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos”.
Vem novamente esta citação a propósito da intervenção do cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, ao surpreender o auditório do Casino da Figueira da Foz, no programa “125 minutos com Fátima Campos Ferreira” (13/01/2009), com a polémica frase dirigida às jovens portuguesas: “Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam”.
Apesar de dizer conhecer “casos dramáticos, sem os especificar, o cardeal patriarca de Lisboa não deveria estar à espera que as suas palavras provocassem tamanho “sarilho”, com a Comunicação Social a dar voz às mais diversas opiniões e leituras. As suas palavras ultrapassaram os presentes naquela tertúlia, ganharam dimensão nacional e continuam a despertar a atenção de muitos.
Foram muitas as análises que vieram a público. Algumas fizeram o papel de “juiz em causa própria”. Compreende-se, mas têm o valor que têm. Outras porém, não sendo parte interessada, poderão dar uma luz ao verdadeiro alcance das palavras de D. José Policarpo. Maria do Céu Pinto, professora de Ciência Política da Universidade do Minho, fez uma análise muito objectiva no JN de 15/01/09, da qual destaco o seguinte: “Um muçulmano que abandone a sua religião é considerado apóstata, ficando sujeito, segundo o direito muçulmano clássico, à pena de morte. A Sharia permite ao homem muçulmano ter até quatro esposas, independentemente da vontade da esposa, desde que possa dar a todas o mesmo conforto e atenção. O Alcorão instituiu o domínio do homem sobre a mulher. O Alcorão confere ao homem o direito de bater na mulher, se ela lhe desobedecer. Também pode proibi-la de trabalhar, forçá-la a usar o vestuário que ele quiser e obrigá-la a cumprir os seus deveres religiosos. (…) Segundo as leis muçulmanas, os filhos nascidos de um tal casamento devem obrigatoriamente ser muçulmanos, inclusive, no nome. A guarda das crianças no Islão está destinada aos homens. Se uma mulher não-muçulmana ou convertida viver num país muçulmano, onde as leis são mais favoráveis ao homem, terá muita dificuldade em fazer valer os seus direitos de mãe e esposa. O direito muçulmano proíbe qualquer sucessão entre muçulmanos e não-muçulmanos. Por outro lado, atribui às mulheres apenas metade dos bens que atribui aos homens”.
Esta análise é bastante esclarecedora. Perante ela, o alerta às jovens portuguesas do cardeal patriarca de Lisboa tem todo o sentido. É preferível pensar duas vezes (ou até mais), antes de se contrair casamento com alguém que pertence a uma outra religião (ou até etnia), sem que se conheçam bem as suas regras. Depois de se dar tão decisivo passo, às vezes é quase impossível voltar atrás.
Uma das virtudes da democracia, é poder-se emitir livremente as opiniões, por mais cáusticas que elas possam ser para algumas pessoas ou grupos. Por isso Churchill continua a ter razão sobre as democracias, apesar de já terem passado 61 anos. Sou um defensor acérrimo do direito à opinião livre e repudio qualquer forma de amordaçar esse direito fundamental em democracia, onde as opiniões se combatem com outras opiniões.
In Jornal: "CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS" - 29-01-2009
Domingo, 1 de Fevereiro de 2009
A história nem é recente, mas é precisamente por isso que é importante referir-me a ela. É mais um exemplo do tempo na Justiça, que é diferente nas outras áreas.
A 21 de Junho de 2001, a tesoureira do Centro de Segurança Social de Leiria, foi operada aos ovários no Hospital de Santo André, em Leiria. Até aqui tudo seria normal, não fosse o facto provado em tribunal, que a paciente teria que ser operada novamente a 20 de Agosto do mesmo ano, desta vez no Hospital da Guarda.
Por vezes existe a recidiva duma doença e os doentes são novamente operados à mesma patologia. Só que, neste caso, a paciente foi sujeita a nova intervenção cirúrgica, para lhe ser retirada uma compressa que teria ficado no seu corpo durante a primeira operação.
O caso passou-se em 2001, mas só agora em 2008 (sete anos depois!?), o processo transitou em julgado por decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que veio dar razão ao Tribunal da Relação, o qual já tinha condenado o Hospital Santo André, de Leiria, a pagar à queixosa uma indemnização de 25 mil euros.
Mesmo depois de condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça, o Conselho de Administração do Hospital Santo André veio a público clamar pela sua inocência. Sabemos que os tribunais também falham, mas andar sete anos em tribunal, não foi tempo mais que suficiente para provar a inocência agora reclamada, através duma nota à imprensa?
O tempo na Justiça é tão longo, que quando alguém é ressarcido dos seus danos, a demora nas decisões já se encarregou de transformar a Justiça em injustiça.
In Jornal: "O DESPERTAR" - 16-01-2009