Por mais que a gente não queira, quando menos se espera, a vida prega-nos surpresas. Não vale a pena condicionarmos as nossas vidas com planos a longo prazo, dado que a coisa mais importante é ao mesmo tempo tão frágil - a vida.
Recentemente, o Zé (vamos assim chamar-lhe) foi confrontado com uma situação de grande sofrimento. Uma sua familiar, bastante próxima, tinha-lhe transmitido uma série de projectos que queria concretizar este ano. Não tendo ainda chegado aos trinta anos, o mais normal é que tivesse muitos projectos e alguns sonhos: casa, casamento, emprego, filhos e férias, eram alguns deles. Também o Zé estava feliz com os sucessos da sua familiar. Todos ficamos felizes com o sucesso das pessoas que amamos.
Quando tudo parecia certo, a notícia duma doença grave deita tudo por terra. O medo e a ignorância sobre a matéria deixaram aquele núcleo familiar em desespero. Cada um à sua maneira, tenta levar uma vida normal, o que é manifestamente difícil, para não dizer impossível. Pôr a hipótese de se perder uma pessoa que tanto amamos, e que está no auge da sua juventude e apesar do apoio dos amigos, não é fácil aceitar. Cresce um sentimento de revolta. É uma porta que se fecha.
É nestas alturas de grande desespero, onde a cor preta nos preenche a vida e o futuro, que por vezes também acontecem coisas boas. Uma delas é o fortalecimento das relações entre as famílias afectadas. Foi isso que aconteceu ao Zé. Quando tudo parecia ruir à sua volta, em que muitos desapareceram, outras pessoas surgiram na sua vida. É neste momentos que somos levados a dar mais valor à vida, à família, aos amigos e até à paixão. Há sempre uma princesa na vida dum homem. Basta saber procurá-la. Quando nos apercebemos da fragilidade que é a nossa vida, passamos a dar-lhe mais valor. Deixamos de ter paciência para muita coisa e, em contrapartida, passamos a valorizar coisas para as quais achámos que nunca tivemos tempo. Foi isso que aconteceu ao nosso Zé. Passou a valorizar mais o seu tempo, ocupando-o com o convívio com as pessoas que verdadeiramente gosta. Foi uma janela que se abriu na sua vida.
Este episódio deve-nos levar a pensar na vida que cada um de nós tem. Há alturas que o melhor é mesmo contemplar um pôr-do-sol, relaxar e pensarmos se não há coisas que devíamos mudar nas nossas vidas, enquanto estamos a tempo. A vida é demasiadamente bela para a desperdiçarmos e delicadamente frágil para a estragarmos. A vida tem vários lados, só temos que saber escolher e aproveitá-la.
in "AURINEGRA" - ??-??-2006 - www.aurinegra.com
in "O DESPERTAR" - ??-??-2006 - www.odespertar.com.pt
Há cerca de um mês, dia 10 de Agosto, estava eu a preparar-me para gozar o último dia em Nova Iorque.
Ainda bem cedo, sou despertado por uma pessoa amiga com a informação que tinha havido uma explosão no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque. Precisamente aquele que eu teria que utilizar no final da tarde desse dia. Ligo a televisão do quarto do hotel, para perceber o que de facto se estava a passar.
Afinal não tinha havido qualquer explosão nesse aeroporto. O que aconteceu, isso sim, é que as autoridades inglesas tinham detido algumas pessoas, em Londres, que se preparavam para embarcar com destino aos Estados Unidos, para aí levarem a cabo atentados terroristas. Pus a minha curiosidade jornalística a trabalhar e, acompanhado pela namorada, resolvi dar uma volta pela cidade, para perceber como estavam a reagir os nova-iorquinos a mais uma ameaça terrorista.
Dias antes, tinha estado no World Trade Center, onde a azafama dos trabalhadores é grande, para levarem por diante a construção da Torre da Liberdade, que irá substituir as Torres Gémeas, destruídas a 11 de Setembro de 2001. Esta nova torre terá 541 metros de altura (antena incluída) e estará pronta em 2011 ou 2012. Enquanto os turistas paravam junto aos escombros do que foi um dos símbolos da América, para registarem o momento, os nova-iorquinos passavam por lá com uma grande naturalidade. Aquilo a que eles chamam o nosso buraco, não os faz alterar a rotina.
Um dos actuais símbolos de Nova Iorque Empire State Building, é o edifício mais alto da cidade. Com ameaças reais de atentados, seria o último sítio onde as pessoas gostariam de estar. Era precisamente o local que eu gostava de visitar. Se assim o pensei, melhor o fiz. No meu último dia de visita a Nova Iorque, visitei o seu edifício mais alto. Coragem ou loucura? Nem uma coisa nem outra. Mesmo perante as ameaças mais graves, os americanos não estão na disposição de alterar os seus hábitos. O Empire State Building estava cheio de visitantes. Alguns americanos estavam lá, só para mostrarem que não tinham medo. Acho que fazem bem. Foi também isso que fiz, embora o meu objectivo fosse outro. Sentia-me a fazer uma reportagem.
Cada dia 11 de Setembro, não pode ser visto como um dia normal. Não é para nós portugueses, não é para os americanos e muito menos será para os nova-iorquinos. É uma data carregada de emoções, regadas pelas repetidas imagens da tragédia. É bom que o mundo não se esqueça, do que alguns seres humanos podem fazer a outros seres humanos. O ter estado lá, também me fez ver melhor o que teriam sofrido as pessoas que viveram tamanho choque. Muitos nem souberam que iam morrer, mas os sobreviventes irão continuar a sofrer até ao fim das suas vidas, por mais que se pense o contrário. Um trauma assim nunca mais sai da mente de quem o sofre. Quando um indivíduo sente a sua vida presa por um fio, não há nada que o faça esquecer. Só a própria morte apaga tão trágica recordação.
in "AURINEGRA" - 14-09-2006 - www.aurinegra.com
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