Segunda-feira, 28 de Novembro de 2005

A amizade

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Um dos sentimentos mais nobres do ser humano é a amizade. Por isso, a maioria das pessoas tem a preocupação de se rodear de muitos amigos. Nalguns casos, parece até que a importância duma pessoa se mede pela quantidade de amigos.


A amizade é de facto uma coisa boa. Que melhor sensação podemos ter, do que o apoio dos amigos quando mais precisamos? Na maioria das vezes, eles substituem a família. É que esta falha muitas vezes, infelizmente, quase sempre nas situações em que mais precisamos dela. É nessas alturas que se vê a importância dos amigos. É que a família é também uma questão de sorte. Podemos escolher os amigos, mas não podemos escolher a família. Costumo dizer, porque acredito, que não escolhemos a família nem os vizinhos. Ambos nos são impostos.


O grande problema dos amigos é que também em relação a eles, existe o factor sorte. Chegamos a ter amizades duma vida, que se esfumam num fechar de olhos. É que muitos deles funcionam como algumas companhias de seguros – falham quando mais são precisas. É aqui que este sentimento de perda dói. É muito difícil perder um amigo, quando o mesmo não morreu. Perdemos por afinal termos chegado à conclusão, que o amigo afinal nunca passou de um conhecido. Ao longo da minha vida, também eu tenho sido contemplado com este tipo de relações. No entanto, tenho a ideia que nunca perdi verdadeiramente um amigo. O que já me aconteceu, muitas vezes, é que tive pessoas que pensava ser minhas amigas, mas afinal nunca o foram. Na verdade, nunca tinham tido oportunidade de mostrar a sua verdadeira amizade, ou falta dela para ser mais correcto.


Como em tudo na vida, também na amizade a quantidade não é sinónimo de qualidade. Tal como na natureza, também na amizade impera a selecção natural. Os melhores sobrevivem e morrem os fracos. Sinceramente, em relação aos amigos e apesar de algumas baixas, mantenho um restrito número de amigos, mas com quem posso contar. Muitos deles já passaram por várias provas e ainda hoje se mantêm. Curiosamente, alguns deles até são bem recentes. Na amizade, a antiguidade não é um posto. Da mesma forma, a distância também não é importante na amizade. Alguns dos meus principais amigos, estão até bem longe incluindo o estrangeiro.


Termino com uma frase de que gosto particularmente: “Amigo não é aquele que diz vai, mas aquele que diz vou contigo”.


in "AURINEGRA"  -  22-11-2005 - www.aurinegra.com 


in "O DESPERTAR"  -  09-12-2005


 


 

publicado por José Soares às 21:41
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Sexta-feira, 18 de Novembro de 2005

Tocadores de concertina no Guinness

TocadoresdeconcertinanoGuinness.JPG


Antonino Neves, vestido a rigor e já com o diploma que comprova que o seu nome está inscrito do “Guinness Book Records”


De quando em quando, Portugal é notícia porque alguns dos seus nacionais inscreveram os seus nomes no famoso “Guinness Book Records”. Mais uma vez, isso aconteceu.


No passado dia 16 de Outubro, Vila Verde (distrito de Braga) patrocinou mais este feito mundial: reunindo 645 tocadores de concertina, os quais interpretaram durante 30 minutos e 30 segundos, a música tradicional “Rosinha”. Estes portugueses, oriundos de todo o País, bateram assim o recorde anterior, o qual pertencia ao Reino Unido e contou com 560 tocadores. Para que tal tenha acontecido, foi preciso o empenhamento e a disponibilidade de muitos, entre os quais o próprio Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, José Manuel Fernandes, também ele a inscrever o seu nome no famoso livro como participante.


Foram centenas os participantes, mas foram muitos milhares os que tiveram oportunidade de assistir a este feito. Apesar da distância, distrito de Braga, este evento contou também com a presença de residentes dos concelhos de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo. Para os participantes e acompanhantes, a Câmara Municipal da Lousã pôs à disposição um autocarro que levou os interessados até Vila Verde. A gentileza do Presidente da Câmara da Lousã, Fernando Carvalho, também se prende com outro facto digno de registo: daquele concelho, participaram muitos alunos da Escola de Concertinistas da Lousã. O professor José Carlos Cardona acompanhou os seus alunos nesta aventura.


Apesar da complicada logística, que passava pela inscrição individual de cada participante, era dado um chapéu identificativo do evento a cada um. Depois de devidamente inscritos, esperava-os um corredor com cerca de 500 metros, onde desfilaram os 645 tocadores de concertina, até chegarem ao recinto onde iriam mostrar a sua arte: tocar concertina em uníssono o tradicional Vira do Minho – “Rosinha”.


Um dos participantes, chama-se Antonino das Neves, mora em Coimbra e é natural da Lousã. Para este recém aposentado da Função Pública, 57 anos, quando deixou de ser Chefe de Secção do Hospital Distrital de Anadia, tendo antes também prestado serviço nos HUC – Hospitais da Universidade de Coimbra, passou a ocupar parte do seu tempo livre na arte de tocar concertina. Dedicado às coisas onde se mete como sempre foi, depressa aprendeu esta difícil arte. Já participou em vários eventos e vê agora inscrito o seu nome ao famoso “Guinness Book Records”. Parabéns ao Antonino Neves e a todos os que participaram neste evento.


in "DIÁRIO DE COIMBRA" - 18-11-2005 - www.diariocoimbra.pt


 


 

publicado por José Soares às 13:42
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Quinta-feira, 17 de Novembro de 2005

Sociedades secretas

Tudo o que é negativo, também tem o seu lado positivo. Isso também se aplica aos últimos acontecimentos ocorridos em França, em especial em Paris. Depois dessa violência sem limites, as autoridades francesas vão ter que enfrentar um problema que aparentemente estava escondido – a sua sociedade secreta. Pelas piores razões, o problema da imigração está na primeira linha das preocupações das entidades francesas. É nestas alturas que nascem os verdadeiros políticos. No caso do ministro Nicolas Sarkozy, morreu (politicamente, entenda-se) à nascença. Um cidadão comum pode dizer o que quer; um ministro tem de avaliar primeiro a consequência das suas palavras. Como tantos outros, foi mais um erro de casting.

O que se está a passar em França, veio alertar para a situação das classes mais desfavorecidas de todas as sociedades. Em todas as grandes cidades, existem bairros onde os seus habitantes estão condenados ao ostracismo. Só o facto de morarem nesses sítios, já os impede de ter uma vida normal. Bem longe disso. Até ao limite do possível, evitam dizer onde moram. E não se pense que isso só se passa em França ou em bairros de Lisboa e Porto. Bem mais perto, em Coimbra, isso também se passa. Se dúvidas houverem, perguntem aos taxistas se vão à noite aos bairros do Ingote e da Rosa, com o mesmo à vontade que se deslocam ao Calhabé ou aos Olivais. Esconder a realidade, não é boa política.

O problema das pessoas que moram em bairros desfavorecidos começa logo no nascimento. Só o facto de aí terem nascido, parece que os marca para a vida. Por isso, em vez de se utilizarem medidas repressivas desproporcionais a quem já tanto sofre, deve-se fazer exactamente o contrário. Apoiar quem mais precisa, é uma obrigação duma sociedade evoluída. Ver alguém singrar na vida vindo desses mal fadados bairros, é um exemplo e um estímulo para todos os outros jovens desfavorecidos.

Durante muitos anos, achou-se que criar bairros para pobres e outros excluídos da sociedade, era a melhor solução. Hoje, pensa-se exactamente o contrário. Nalgumas cidades, faz-se o inverso. Deitam-se abaixo esse tipo de bairros, onde existe uma grande concentração do mesmo tipo de problemas e necessidades, para espalharem essas pessoas pela cidade onde moram, fazendo assim uma verdadeira integração. Mesmo assim, há sempre alguém que parece ter nascido para armar confusão. Mas aqui as penalizações são duras, pelo que todos fazem um esforço para que tudo dê certo. O respeito é mútuo e as minorias não podem impor as suas leis à maioria. É a lei básica da democracia. Por culpa de alguns, não se podem penalizar os outros. Financeiramente até poderá ser complicado, mas socialmente é a opção mais indicada.

In "CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS" - 17-11-2005  -  www.campeaoprovincias.com  

 

publicado por José Soares às 14:08
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Terça-feira, 15 de Novembro de 2005

Estação nova com problemas velhos

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Fala-se tanto em grandes projectos como o TGV e OTA, que as pequenas coisas tendem a ser esquecidas. A imagem mostra as dificuldades de um jovem de 77 anos, a descer do comboio na Estação do Parque da Cidade de Coimbra, vindo de Miranda do Corvo. A altura do chão para o primeiro degrau é abismal para muitos dos seus utilizadores. Aqui fica a chamada de atenção e uma pergunta: como sobem e descem os deficientes motores? A estação é nova mas trás consigo problemas antigos.


in "DIÁRIO DE COIMBRA" - 14-11-2005 - www.diariocoimbra.pt


 

publicado por José Soares às 13:03
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Sexta-feira, 11 de Novembro de 2005

Pandemónio global

Pandemonioglobal.jpg


Só este ano, em França, já foram destruídos em actos de vandalismo mais de 30 mil automóveis. É um número assustador, que coloca as entidades estatais francesas em estado de grande ansiedade, mas que obrigará a uma reflexão em todas as outras sociedades, em especial a portuguesa.


Uma das causas de toda esta violência, parece ter a sua origem em jovens filhos de imigrantes. Ao que parece, terão cerca de menos de 25 anos de idade e são vítimas de fortes taxas de desemprego. Por outras palavras, sem futuro. Embora sejam franceses, são também os escorraçados da sociedade. São o rastilho que faltava ao barril de pólvora social onde estão inseridos.


Durante décadas, a França viu nos imigrantes um factor de desenvolvimento do seu próprio país. O problema é que essas pessoas iriam constituir família, ter filhos e, também, aspiravam a fazer parte integrante da sociedade francesa. Com o passar do tempo, notou-se que falhou a educação e a formação da segunda geração. Como resultado, surgiu uma geração incapaz de fazer frente às dificuldades sociais e um Estado incompetente para prever o que agora aconteceu. Era inevitável.


As imagens que têm surgido na televisão, além de mostrarem uma cidade em estado de sítio, galvanizam também todos aqueles que esperam uma oportunidade para mostrarem o seu descontentamento. Uns actuam por revolta; outros engrossam estas brigadas de delinquentes, levados pela emoção e pela cobertura mediática que estão a ter. É mais forte que eles. Por isso, é quase normal o alastrar da violência noutras localidades do país.


Num mundo globalizado como o nosso, estes problemas não estão circunscritos à localidade onde começam. A sua divulgação pública tem um efeito de bola de neve, mobilizando legiões de descontentes dispostos a tudo. Face ao descontentamento generalizado que existe no nosso País, não me admirava que começassem a aparecer focos de violência em Portugal. O rastilho tanto poderá ser originado também por jovens oriundos de bairros problemáticos, como de outras camadas desfavorecidas da sociedade. O descontentamento é tanto, que não será difícil mobilizar gente desesperada a entrar em actos de vandalismo. É nestas alturas que aparecem as soluções securitárias, tão de agrado dos ditadores. Esse é um perigo real.


Pode ser mera coincidência, mas a verdade é que este fim-de-semana um vereador do PS na Câmara Municipal de Ponte de Lima, por razões ainda desconhecidas, viu o seu carro ser destruído pelo fogo, num acto de vandalismo igual ao que se tem visto em Paris. Espero bem que as forças policiais portuguesas estejam mais atentas e eficientes do que têm sido as suas congéneres francesas.


in "AURINEGRA"  -  08-11-2005 - www.aurinegra.com 


in "O DESPERTAR"  -  18-11-2005


 


 

publicado por José Soares às 14:27
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