Terça-feira, 26 de Julho de 2005

Feiras de exposição

Por vezes, quando estamos muito perto das coisas ou das pessoas, não temos o distanciamento suficiente para as entender. Daí, que uma saída do bairro, da cidade, do distrito ou até do País, é sempre uma boa forma de criarmos esse distanciamento. Foi o que fiz recentemente.

Chegado a casa e depois de vários dias sem notícias do nosso País, passo os olhos pelos jornais que peço para guardar na minha ausência. O mesmo do costume. Nos jornais regionais, uma notícia na primeira página da última edição do AURINEGRA chama a minha atenção: “XV Expofacic Cantanhede – 22 a 31 de Julho de 2005”. Mais uma vez, Cantanhede vai realizar a sua feira de exposição. Pelo que tem acontecido em anos anteriores, seguramente que vai ser mais um sucesso para os seus promotores. Por alguma razão, o vereador da Câmara Municipal de Condeixa, Daniel Costa, vê na Expofacic de Cantanhede um modelo a seguir, para a Expocondeixa.

Coimbra vive quase uma obsessão de ser a terceira cidade do País, desígnio que já teve, mas a verdade é que há muito que a cidade perdeu esse estatuto Durante muito tempo, Coimbra era respeitada pelo que simbolizava, pelo que tinha e pelo que representava. Hoje, vive mais do passado, da sua história, que é rica, mas que pouco já tem a ver com a realidade. Deixou-se ultrapassar. Adormeceu.

Hoje mesmo começa a Expofacic de Cantanhede e, há poucas semanas terminou a Feira de Miranda do Corvo e futuramente será a vez da ExpoCondeixa abrir as suas portas. Todos realizam as suas feiras. Não vou fazer comparações. O que me parece importante destacar, é que todos se mobilizam para fazerem os seus eventos, e Coimbra, mais uma vez, não se conseguiu empenhar para a realização da sua Feira CIC, tal como aconteceu em 2001. Não sei quem foram os principais responsáveis pela não realização de tão importante certame para Coimbra. Na altura, as desculpas foram muitas e as explicações poucas. Uma coisa parece-me certa: não houve empenhamento suficiente de quem tinha responsabilidades para a sua execução, a começar pela própria Câmara Municipal de Coimbra.

Tenho tido a privilégio de conhecer algumas cidades europeias. As que têm a sorte de terem um rio, este faz parte integrante da própria cidade. Em Coimbra, passa-se exactamente o contrário: o Rio Mondego em vez de ser um factor de união e aproveitado em todas as suas potencialidades, que são muitas, serve para dividir os seus habitantes. Quando é que Coimbra irá aproveitar os seus verdadeiros recursos? Quantas cidades se podem dar ao luxo de desaproveitarem as belíssimas margens que um rio proporciona, como se faz em Coimbra? Centros de camionagem e recolha de viaturas, onde haviam de existir centros culturais, desportivos e de lazer, só mesmo em Coimbra.

Está na rua mais uma campanha eleitoral autárquica. Esperemos que os candidatos tenham uma proposta clara e definitiva sobre a realização da Feira Comercial e Industrial de Coimbra. Era bom para a cidade de Coimbra e para a Região, a qual perdeu nos últimos três anos 20 mil postos de trabalho, ou seja, viu crescer o desemprego em 45 por cento. Construa-se o que é preciso, requalifiquem-se espaços, mas faça-se. Viver à sombra da Torre já deu o que tinha a dar.

in "AURINEGRA" - 22-07-2005  -  www.aurinegra.com

 

 

publicado por José Soares às 22:14
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Quinta-feira, 21 de Julho de 2005

Trabalhadores contra trabalhadores

Definitivamente, entrámos em campanha eleitoral. Melhor, entrámos em várias campanhas. Está no terreno a pré-campanha eleitoral autárquica e, há mais tempo, existe uma campanha de esclarecimento (?) sobre algumas das medidas do Governo.

Na imprensa escrita e principalmente na televisão, multiplicam-se os “debates” com os convidados do costume, a explicarem que muitas das medidas que o Governo Propõe têm que se tomadas, devido aos erros cometidos ao longo dos anos. O curioso é que alguns deles são exactamente os principais responsáveis das más medidas que foram tomadas, que puseram o País na situação actual, e que agora dizem ter achado a solução. Brilhante.

Uma análise cuidada desde o Governo de Durão Barroso até hoje, leva-nos a tirar facilmente uma conclusão: com mais ou menos responsabilidade, todos contribuíram para porem trabalhadores contra trabalhadores.

A título de exemplo, vejamos o que se passou no passado dia 19 do mês passado, no programa “Opinião Pública” da SIC Notícias. Ramiro Moreira, técnico de vendas em Leiria, de 56 anos, sobre o tema da greve da Função Pública, disse:

“"Muito boa tarde. Vou ser realmente muito breve. Só quero dizer aos funcionários públicos que tenham a noção exacta de que não tem que ser a sociedade civil a carregá-los às costas. Por outro lado, compreende-se que as únicas entidades que fazem greve são de facto todos de esquerda e toda a gente sabe que é o Partido Comunista. Também sabemos que os funcionários públicos ganham em média, não fui eu que disse, foi o ministro das Finanças Bagão Félix, ganham em média 1800 euros por mês. De qualquer das formas, eu devo dizer que para contrapor a esta manifestação de funcionários públicos, nós devíamos fazer uma contra-manifestação de funcionários privados, como forma de repudiar a falta de solidariedade por parte destes senhores, que julgam que o Estado é uma pessoa, quando o Estado não é uma pessoa. O Estado somos todos nós. Os funcionários públicos que recebem dos nossos impostos e portanto eles têm que ter consciência que eles têm os seus vencimentos dos nossos impostos e como tal eles têm que ter respeito por nós, porque não são mais do que nós em Portugal. Tenham paciência, mas tem que ser assim."

Não vou sequer rebater o que disse o Sr. Ramiro. Não adiantava, tal a desinformação de que é portador. Mas cabe ao Governo fazer um cabal esclarecimento sobre o que se passa de facto na Administração Pública e no Sector Privado. Apesar da tendência editorial que algumas televisões estão a fazer, o País precisa de saber a verdade. O Governo começou a fazê-lo. Pois bem, então que continue e esclareça tudo a todos nós, trabalhadores públicos e privados, reformados e desempregados. Esclareça-se toda a gente. É que custa muito a quem ganha pouco mais de 500 euros, ouvir alguém afirmar que a média dos seus vencimentos ronda os 1800 euros por mês!? Além de um perfeito absurdo, é mais um factor de desmotivação dos funcionários públicos. Destruir a Função Pública e os seus trabalhadores, não resolve os problemas da actividade privada e muito menos os graves problemas do País.

 

in "AURINEGRA" - 12-07-2005  -  www.aurinegra.com

publicado por José Soares às 23:50
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2005

Justiça popular põe jovem em estado de coma

Aquilo que já é considerado normal no Brasil, começou agora também a ganhar dimensão em Portugal. Refiro-me evidentemente ao famoso “arrastão” que se passou em Carcavelos. Por aquilo que vi, ouvi e li, tenho muitas dúvidas que se tenham organizado tantos jovens, para cometer um único crime. Mas, independentemente do verdadeiro número, que seguramente foi elevado, a verdade é que o assunto preocupou toda uma população. Apesar da dimensão mundial que o assunto tomou, pior seria ignorar o problema.

Duma forma determinada, a extrema-direita veio para a rua manifestar o seu nacionalismo e, diga-se em abono da verdade, até colhe adeptos em bolsas mais revoltadas da nossa sociedade, as quais atravessam várias gerações. Nas palavras de um dos promotores da manifestação contra a violência, ficou a pergunta: “Sou racista por ter orgulho em ser português?”. São frases como estas que galvanizam aqueles que estão à espera que alguém dê o primeiro grito de revolta, para se poderem associar. O descontentamento é grande, pelo que estão criadas as condições necessárias para a demagogia florescer. Ignorar estas movimentações, pode ser perigoso. A História está cheia destes exemplos.

Se não forem tomadas medidas que tranquilizem a população, esta, naturalmente, revolta-se. Se as polícias não forem vistas com força para protegerem os cidadãos, estes organizam-se duma forma perigosa, de que as milícias populares são o pior exemplo, mas surgem para “resolver” uma situação de desespero.

Ainda recentemente, no Carvalhal – Grândola, um jovem de 19 anos foi brutalmente espancado por cerca de duas dezenas de indivíduos. Esse jovem encontra-se agora em estado de coma, encontrando-se internado no Hospital Garcia de Orta e, tanto quanto a GNR conseguiu apurar e divulgar, tudo foi originado pelo jovem ter furtado utensílios de pesca.

Diga-se o que se disser, a verdade é que temos um problema de violência juvenil instalada, que é preciso pôr cobro. Não defendo um Estado securitário, mas a verdade é que as nossas polícias devem ser motivadas a fazer o seu trabalho, o que não parece estar a acontecer.

 

in "AURINEGRA" - 30-06-2005  -  www.aurinegra.com

publicado por José Soares às 14:53
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