Quarta-feira, 19 de Outubro de 2005

Faz hoje 19 anos (19-10-1986) que Ramalho Eanes assumiu a presidência do PRD -Partido Renovador Democrático, após ter saído da presidência da República, onde esteve durante dois mandatos -10 anos (1976-1986).
Os princípios que estiveram na origem da criação do PRD, estão tão actuais hoje como estavam na altura da fundação daquela força política. O problema foram alguns dos seus protagonistas que descredibilizaram o projecto, perante a opinião pública. Hoje, continuo a achar que se justificava a manutenção do PRD no actual espectro político. Nunca concordei que Ramalho Eanes tivesse abandonado um projecto que ele próprio idealizou.
José Soares (*)
(*) ex- Presidente da Comissão Política Distrital de Coimbra, Deputado Municipal e Conselheiro Nacional.
De Kalokas a 23 de Outubro de 2005 às 01:39
Em 1985, com o Bloco Central a não encontrar rumo para o país, o PRD consegue uma faixa importante do eleitorado (18%, creio eu). O seu desaparecimento, veio confirmar, que um partido não é sustentável quando surge desnutrido de ideologia e com uma linha política que não vai muito além de acolher descontentes. A alternância entre o PSD e PS tem confirmado, que qualquer partido serve para voz de protesto. Com o espectro político preenchido, acho que não haverá espaço para mais. Seguindo esse pensamento, atrevo-me a fazer um pouco de futurologia e dizer que por ter surgido em circunstâncias mais ou menos semelhantes, embora com alguns contornos de antecedentes partidários, penso que o BE tem os dias contados. É só uma questão de liderança para que ele sinta o golpe!
De Pedro Santos a 21 de Outubro de 2005 às 13:10
Lamento que o PRD tenha acabado como acabou. Também eu acredito que hoje faria falta a este país cada vez mais desanimado.
De J.Soares a 20 de Outubro de 2005 às 13:24
Caros Amigos RC e JB. Obrigado pelos vossos comentários. Um abraço do J.Soares
De jb a 20 de Outubro de 2005 às 11:09
O PRD era parte plena do tradicional sebastianismo português. O problema é que o General Eanes não era propriamente o rei bondoso, ingénuo, juvenil e puro.
Assumiu a ideia de que poderia ser o "salvador da Pátria", bem diferente e bem longe dos seguidores do poder que tudo fazem e tudo dizem para obterem o favor do povo. Mas não concretizou.
Ele e o seu partido não conseguiram sair do círculo político do poder pelo poder, como se o mais importante fosse a obtenção da autoridade e não a responsabilidade e o serviço que o comando implica.
O espaço do PRD, meu caro, não estava no espectro político nacional. Era parte substancial de uma ideia de higiene e de purismo que se mantém, tal qual antes, durante e depois do aparecimento dos renovadores.
Ou será que o PRD conseguiu renovar alguma coisa?
A resposta implica que se siga o rumo das principais figuras do directório e se saiba onde se colocaram, a que lógica se submeteram e como fizeram (ou não) a diferença.
De RC a 19 de Outubro de 2005 às 23:11
Já não me lembrava da data. Concordo que os ideais do PRD estão actuais. Estão e estarão sempre.
A questão é que o PRD assentava num equívoco, à luz da realidade política portuguesa.
Equívoco que, em sín tese, resultava de:
- Esses ideais serem um conjunto de princípios gerais que albergaram debaixo do mesmo chapéu, pessoas com ideias políticas e éticas muito diferenciadas.
- O General Eanes não ser, na verdade e em minha opinião, um líder político, isto sem deixar de lhe reconhecer a seriedade e a vontade de defender Portugal e os portugueses.
Acresce a incompetência política de alguns dos seus principais conselheiros.
Foi uma oportunidade perdida. Definitivamente perdida, acrescento.
RC
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