Só este ano, em França, já foram destruídos em actos de vandalismo mais de 30 mil automóveis. É um número assustador, que coloca as entidades estatais francesas em estado de grande ansiedade, mas que obrigará a uma reflexão em todas as outras sociedades, em especial a portuguesa.
Uma das causas de toda esta violência, parece ter a sua origem em jovens filhos de imigrantes. Ao que parece, terão cerca de menos de 25 anos de idade e são vítimas de fortes taxas de desemprego. Por outras palavras, sem futuro. Embora sejam franceses, são também os escorraçados da sociedade. São o rastilho que faltava ao barril de pólvora social onde estão inseridos.
Durante décadas, a França viu nos imigrantes um factor de desenvolvimento do seu próprio país. O problema é que essas pessoas iriam constituir família, ter filhos e, também, aspiravam a fazer parte integrante da sociedade francesa. Com o passar do tempo, notou-se que falhou a educação e a formação da segunda geração. Como resultado, surgiu uma geração incapaz de fazer frente às dificuldades sociais e um Estado incompetente para prever o que agora aconteceu. Era inevitável.
As imagens que têm surgido na televisão, além de mostrarem uma cidade em estado de sítio, galvanizam também todos aqueles que esperam uma oportunidade para mostrarem o seu descontentamento. Uns actuam por revolta; outros engrossam estas brigadas de delinquentes, levados pela emoção e pela cobertura mediática que estão a ter. É mais forte que eles. Por isso, é quase normal o alastrar da violência noutras localidades do país.
Num mundo globalizado como o nosso, estes problemas não estão circunscritos à localidade onde começam. A sua divulgação pública tem um efeito de bola de neve, mobilizando legiões de descontentes dispostos a tudo. Face ao descontentamento generalizado que existe no nosso País, não me admirava que começassem a aparecer focos de violência em Portugal. O rastilho tanto poderá ser originado também por jovens oriundos de bairros problemáticos, como de outras camadas desfavorecidas da sociedade. O descontentamento é tanto, que não será difícil mobilizar gente desesperada a entrar em actos de vandalismo. É nestas alturas que aparecem as soluções securitárias, tão de agrado dos ditadores. Esse é um perigo real.
Pode ser mera coincidência, mas a verdade é que este fim-de-semana um vereador do PS na Câmara Municipal de Ponte de Lima, por razões ainda desconhecidas, viu o seu carro ser destruído pelo fogo, num acto de vandalismo igual ao que se tem visto em Paris. Espero bem que as forças policiais portuguesas estejam mais atentas e eficientes do que têm sido as suas congéneres francesas.
in "AURINEGRA" - 08-11-2005 - www.aurinegra.com
in "O DESPERTAR" - 18-11-2005
. A sorte e a crise não são...
. Parabéns: já só faltam ci...
. A minha aposentação não c...
. A minha aposentação não c...
. Ano novo, políticos e víc...
. Função pública e função p...
. Função pública e função p...
. Futebol - um mundo à part...
. Reformas - pensão pública...
. Misericórdia de Semide in...
. Cuidado com o bronze arti...
. I Feira Medieval em Buarc...
. José Soares em mini-entre...
. Não há vergonha para o de...
. Boa vida para o setor aut...
. Blogues