Como acontece há uns anos a esta parte, os trabalhadores do sector privado acham que os seus colegas do Estado deviam mas era estar calados, porque ganham bem, têm todas as regalias, reformam-se mais cedo e só lutam para manterem os privilégios. Apesar de todas as alterações já levadas a cabo desde 1993, continuam a pensar da mesma maneira. Nem que tirassem os ordenados aos funcionários públicos (já faltou mais), os trabalhadores da privada continuariam a pensar que mesmo assim ainda estão prejudicados.
Este é um assunto recorrente, que já vem do tempo de Durão Barroso. O actual presidente da Comissão Europeia, na altura em que era Primeiro-Ministro, conseguiu a proeza de por trabalhadores contra trabalhadores. Não querendo beneficiar as condições da privada, convenceu estes trabalhadores que era preciso acabar com os privilégios dos trabalhadores da função pública. Como vivemos num tempo em que o egoísmo impera, os privados foram levados a pensar: se não há nada para nós, então tirem o que puderam à função pública. Se não baixam a nossa idade da reforma, então aumentem a deles. É este sentimento inconcebível numa sociedade evoluída, que talvez explique a situação a que o nosso País chegou. A desgraça de uns, já trás algum conforto aos outros.
Nos tempos que correm, não é fácil ser trabalhador da privada. Mas também é muito difícil ser trabalhador do Estado. São lhes atribuídas condições e privilégios que os próprios rejeitam. A sua média salarial ronda os 500 euros, embora se diga muitas vezes que ganham 4 e 5 vezes esse valor. Para os próprios não deve ser fácil ouvir essas afirmações. Da mesma forma, também não deve ser fácil aceitar que depois de terem feito um contrato com o Estado, o Governo o altere sem qualquer negociação, impondo a muitos até 15 anos a mais do que aquilo que tinha sido acordado. Por tudo isso, não é difícil imaginar os tempos de revolta que aí vêm, que seguramente irá culminar em mais uma greve da função pública. Esperemos que o Governo saiba ouvir os seus próprios trabalhadores, de modo a que todos não sejam privados das suas funções. Enquanto não acabarem com todos os funcionários públicos (é isso que o Governo quer?), as suas greves ainda transtornam o normal funcionamento do País. Quando já não houverem funcionários públicos nos serviços do Estado, então aí possivelmente todos nós tomaremos disso consciência e talvez nos possamos empenhar em construir um país normal, europeu e evoluído, onde é possível haver trabalhadores em funções públicas e funções privadas. Somos um País com História, mas não podemos ficar agarrados a ela.
In "CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS" - 16-02-2006 - www.campeaoprovincias.com
. A sorte e a crise não são...
. Parabéns: já só faltam ci...
. A minha aposentação não c...
. A minha aposentação não c...
. Ano novo, políticos e víc...
. Função pública e função p...
. Função pública e função p...
. Futebol - um mundo à part...
. Reformas - pensão pública...
. Misericórdia de Semide in...
. Cuidado com o bronze arti...
. I Feira Medieval em Buarc...
. José Soares em mini-entre...
. Não há vergonha para o de...
. Boa vida para o setor aut...
. Blogues